("Carta de Amor" - Maria Bethania -de novo nesse blog...)
Pensei em começar esse texto
falando abstrata e genericamente sobre a experiência chamada “Gato de
Schrödinger”. Não vou perder meu tempo...
Vinte dias foi o prazo que me
deram. Vinte dias. Na verdade, alguns meses foi o prazo inicial. Fixei o mês de
Fevereiro como prazo, mas depois que ele passou sem notícias, acabei
postergando para Março. Março chegou, e nada. Refiz as contas e mais um mês
adiante. De Abril não passou. E, pelo que entendi, foi quase uma mentira.
Foi uma longa, longa espera.
Angustiante a princípio. Depois, no entanto, acabei me conformando e
simplesmente deixei o tempo passar. Afinal, meses demoram a passar. A dúvida
era algo que me perseguia, mas era algo ainda intangível. Era.
Nunca fui muito de acreditar em
sensações, em premonições. Apesar de já ter experimentado algumas, não sei como
dizer, “energias” estranhas, alguns (me faltam palavras) feelings, nunca de
fato acreditei em coisas não tangíveis, em coisas de sexto sentido. Parece que,
mais uma vez, estava errado.
Foram-me dados vinte dias. Ainda
faltavam, pelas minhas contas, bons quatro ou cinco dias. E, apesar, há três ou
quatro dias tenho sentido. É como se meu corpo todo já soubesse com
antecedência, como se minha mente, bem lá no fundo, já estivesse me avisando.
Sinais vindos de mim mesmo, vestígios deixados em noites mal dormidas recheadas
de sonhos insanos. Como se algo em mim já estivesse sentindo, já soubesse que o
cronograma tinha se adiantado.
Sim, minha parzinha, de fato as
coisas serão como eu lhe disse outro dia. Vou me isolar por um tempo, vou me
enclausurar dentro de minhas muralhas internas. Vou me fechar dentro do meu
aconchegante casulo. Vou me esconder dentro de mim mesmo.
Eu sentia que algo estava para
acontecer. Meu corpo todo, cada fibra e cada canal de minha “energia” me dizia.
O final da semana, e o final de semana, foram estranhos. Deveriam ter sido
deliciosos e proveitosos dias e noites, cheios de risadas, festas, danças,
alegrias, músicas. Deveriam.
Agora, recebo a ligação. Sim, um
envelope me espera. Chegou já, e pelo visto chegou tarde da noite. E não, não
posso buscá-lo agora. Terei de esperar até o Sol raiar. Até o Sol trazer com
ele um novo dia, um dia cheio de...
Não sei o que há dentro do
envelope. Será que há nele um gato? Estará esse gato vivo ou morto? Ou estará
morto e vivo? Ah, maldito princípio da incerteza de Heisenberg. Vai me manter
acordado a noite toda, tentando afastar as possibilidades, as probabilidades.
Envelope. Uma vez pego, uma vez
aberto, todas as possibilidades convergem e se fundem. E deixam de ser
possibilidades para se tornar... realidade. Seja ela qual for, seja ela o que
for. Para o melhor ou para o pior, muito embora nem eu saiba direito o que é
melhor ou pior.
E essa maldita premonição, esse
maldito sexto sentido que insistiu em mexer comigo antes mesmo que eu pudesse
de fato ser informado que o fato já estava escrito.
Agora, bem mais do que nunca... Alea jacta est!
Nenhum comentário:
Postar um comentário