("Um elefante" - Galinha Pintadinha)
“E aí, uma de 36 ou duas de 18?”
“Hmmmm... não poderia ser uma de
24 e outra de 12?”
A idade vem. Os anos teimam em passar. Para algumas pessoas, isso faz diferença. Para outras, não. Mas uma coisa é certa, por mais que digam que aqueles quatro dígitos no final da nossa data de nascimento não são realmente um bom parâmetro para avaliar maturidade, não posso negar que são sim um parâmetro.
Idade física e idade mental são
coisas bem diferentes. Sei disso, aceito isso. Acredito nisso. Também, pudera,
já tive algumas boas decepções insistindo em pensar o contrário. No geral, os
anos vividos trazem um pouco de sabedoria e maturidade às pessoas. No geral, os
anos trazem experiências, trazem vivências, trazem vida. Mágoas e decepções,
alegrias e conquistas. Filhos, ou não. Casamentos, ou não. Tombos, com certeza.
Os anos passam com a mesma
velocidade para todos. Eles são implacáveis com todos. Os grãos de areia não param
na ampulheta simplesmente porque se é mais bonito, mais inteligente ou mais
rico. O ponteiro grande insiste em girar com a mesma velocidade, não importa o
local, o clima ou a Lua. Mas os anos não passam da mesma forma para todos.
Trinta anos para uns podem significar uma vida de aventuras e frustrações.
Trinta anos para outros podem significar apenas uma bela noite de sono.
Viver a vida ou levar a vida.
Olhá-la de frente, nos olhos, ou fechar os mesmos e se deixar levar? Botar a
cara para fora da janela, sentir o vento? Inspirar fundo e saltar de
pára-quedas? Mergulhar de cabeça em um rio gelado?
Viver.
Curtir.
Aproveitar.
Arriscar.
Arrepender-se?
Machucar-se?
Estropiar-se?
Fuder-se?
Melhor então nem sair de casa.
Afinal, mesmo se a rua estiver vazia, ainda corre-se o risco de um avião cair
em cima de nossas cabeças.
De peito aberto amanheço
Durante o dia, enlouqueço
Final de tarde, sei que mereço
Arrependimento, este desconheço
O avião voa bem alto
A água está muito fria
Mas crio coragem e salto
Nem sei mais porque sofria
Para o bem e para o mal, as
cicatrizes nos fazem amadurecer. Cada um à sua maneira, cada um à sua
velocidade. Cada um do seu jeito.
E eu? Bem... eu sou apenas eu.
Vivi muito tempo deixando a vida me levar, vivi algum tempo tentando comandar a
vida. Vivi pouco tempo apenas tentando acreditar que estava certo. Agora? Agora
não brigo mais. Aprendi a esperar, aprendi a aceitar. Aprendi a viver a vida
como ela deve (e merece) ser vivida. Um dia de cada vez, uma decepção ou uma
conquista a cada turno. E muitos sorrisos pelo caminho.
E esse texto, pra variar, criou
vida própria e fugiu ao meu controle. Vou ter mesmo que escrever outro, afinal
não era bem isso que eu queria falar. Ou talvez não fosse o que eu pensei que
quisesse falar, afinal meus dedos sabem mais sobre mim do que eu mesmo. Essa
ligação direta entre eles e o meu cérebro, de fato, é interessante.
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