segunda-feira, 6 de maio de 2013

Gato de Schrödinger

http://www.youtube.com/watch?v=WqYDUcv0HAM
("Carta de Amor" - Maria Bethania -de novo nesse blog...)


{\Delta x}\, {\Delta p} \ge \frac{\hbar}{2}



Pensei em começar esse texto falando abstrata e genericamente sobre a experiência chamada “Gato de Schrödinger”. Não vou perder meu tempo...


Vinte dias foi o prazo que me deram. Vinte dias. Na verdade, alguns meses foi o prazo inicial. Fixei o mês de Fevereiro como prazo, mas depois que ele passou sem notícias, acabei postergando para Março. Março chegou, e nada. Refiz as contas e mais um mês adiante. De Abril não passou. E, pelo que entendi, foi quase uma mentira.

Foi uma longa, longa espera. Angustiante a princípio. Depois, no entanto, acabei me conformando e simplesmente deixei o tempo passar. Afinal, meses demoram a passar. A dúvida era algo que me perseguia, mas era algo ainda intangível. Era.

Nunca fui muito de acreditar em sensações, em premonições. Apesar de já ter experimentado algumas, não sei como dizer, “energias” estranhas, alguns (me faltam palavras) feelings, nunca de fato acreditei em coisas não tangíveis, em coisas de sexto sentido. Parece que, mais uma vez, estava errado.

Foram-me dados vinte dias. Ainda faltavam, pelas minhas contas, bons quatro ou cinco dias. E, apesar, há três ou quatro dias tenho sentido. É como se meu corpo todo já soubesse com antecedência, como se minha mente, bem lá no fundo, já estivesse me avisando. Sinais vindos de mim mesmo, vestígios deixados em noites mal dormidas recheadas de sonhos insanos. Como se algo em mim já estivesse sentindo, já soubesse que o cronograma tinha se adiantado.

Sim, minha parzinha, de fato as coisas serão como eu lhe disse outro dia. Vou me isolar por um tempo, vou me enclausurar dentro de minhas muralhas internas. Vou me fechar dentro do meu aconchegante casulo. Vou me esconder dentro de mim mesmo.

Eu sentia que algo estava para acontecer. Meu corpo todo, cada fibra e cada canal de minha “energia” me dizia. O final da semana, e o final de semana, foram estranhos. Deveriam ter sido deliciosos e proveitosos dias e noites, cheios de risadas, festas, danças, alegrias, músicas. Deveriam.

Agora, recebo a ligação. Sim, um envelope me espera. Chegou já, e pelo visto chegou tarde da noite. E não, não posso buscá-lo agora. Terei de esperar até o Sol raiar. Até o Sol trazer com ele um novo dia, um dia cheio de...

Não sei o que há dentro do envelope. Será que há nele um gato? Estará esse gato vivo ou morto? Ou estará morto e vivo? Ah, maldito princípio da incerteza de Heisenberg. Vai me manter acordado a noite toda, tentando afastar as possibilidades, as probabilidades.

Envelope. Uma vez pego, uma vez aberto, todas as possibilidades convergem e se fundem. E deixam de ser possibilidades para se tornar... realidade. Seja ela qual for, seja ela o que for. Para o melhor ou para o pior, muito embora nem eu saiba direito o que é melhor ou pior.

E essa maldita premonição, esse maldito sexto sentido que insistiu em mexer comigo antes mesmo que eu pudesse de fato ser informado que o fato já estava escrito.

Agora, bem mais do que nunca... Alea jacta est!

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