("Nada será como antes amanhã" - Milton Nascimento)
Queria não ter que explicar.
Queria não ter que explicitar. Queria não ter que desenhar. Queria não ter que
apontar, mostrar, escancarar e dizer “Take a look!”.
Yep, mas esse é um assunto
repetido. Batido. Velho. Não enxergamos além do nosso próprio lindo e
egocêntrico umbigo. Pois ver além, ver alguém, é bem mais difícil do que
parece.
Na correria da grande cidade
Cercado de atarefadas formigas
Mal reparo na velocidade
Com que se lançam as intrigas
Me encontro meio entorpecido
Sempre olhado, mas nunca visto
No princípio, sempre aborrecido
Hoje creio que não existo
Se, como dizia Gilberto Gil,
“antes Mundo era pequeno, porque Terra era grande. Hoje Mundo é muito grande,
porque Terra é pequena”.
Então nosso círculo apenas
aumenta
Caretas felizes que sempre
desfilam
Uma fria tela, eis o que
representa
Sorrisos vazios que se perfilam
E nossa vida passa
E os sentimentos surgem
E quase ninguém nos enxerga
Apesar de todos nos verem
Pois pior cego é o que não quer
ver
Mesmo quando tudo está
escancarado
Mesmo quando seu “amigo” está
desolado
Acabamos escolhendo o não ver.
Vida vazia
Tarde vagarosa
Sol que se põe, tingindo tudo de
rosa
Noite que cai
Lua que brilha
Amigos são poucos, mas são
família
E os largos, fortes e sempre
disponíveis ombros, agora estão curvados, ante ao peso do seu pesar.
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