("Tristeza do Jeca" - Maria Bethania)
O papel branco me incomoda. Na
verdade, não é bem um papel, mas sim uma tela branca. De qualquer forma, me
incomoda. Tento fechar os olhos para, quem sabe, fugir de sua onipresença. Ha
ha ha... sua “brancosidade” atravessa minhas pálpebras e teima em queimar meus
neurônios.
Minhas pernas se mexem. Frente e
trás, trás e frente. Pés balançam ritmicamente. E a cabeça acompanha a dança.
Maldição! Ingrato branco, claro e luminoso, que me ofusca o cérebro. Infeliz
corpo, que se balança na inquietude dos meus devaneios.
A verdade. Na verdade, não se
trata dA verdade. E nem dE verdade. Trata-se apenas disso. Círculos e voltas,
idas e saídas, dias que não se vão. Tudo em compasso, compasso musical, ritmo
de espera. Tudo tem seu ritmo, tudo tem um ritmo. Minha respiração segue um
ritmo, meu cérebro tenta se libertar desse ritmo ditado pelo tempo-meu.
Uma música que não sai da cabeça,
uma maldita melodia que não me abandona. E que contamina meu ritmo, meu já
abalado e transtornado ritmo. Rítmico! Que ri do mico! E que viaja nas emoções.
A arte de esperar. Esperar quando
há o que se fazer, esperar quando existe uma ação que poderíamos tomar. Isso é
algo simples. Podemos simplesmente esperar pela melhor hora, pela deixa para
nossa ação (ou não ação). O que destrói, o que mata, o que angustia é a espera.
A simples, econômica e estática espera. E a não ação.
Deixe que se vá, deixe que se
venha. Deixe que fique solto, observe sua dança. Aprecie o movimento. Sinta o
ritmo...
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