terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Flores

http://www.youtube.com/watch?v=ftapng-dbAo
("O último romântico" - Lulu Santos)





Sim, sim, sim. Sim, sou um cara romântico. Romântico, sonhador, cabeça nas nuvens. Sou assumido, sempre fui e acho que sempre serei. Adoro dar flores, escrever poesias, dizer coisas bonitas. Sou fã de carteirinha do poetinha Vinícius de Moraes. Desde muito novo sempre soube seus sonetos de cor e salteado.


Esse sou eu. Quando mais novo, tinha uma amiga que morava em um pensionato só para garotas. Eu e ela éramos muito amigos, muito amigos mesmo. E ela sempre arrumava um jeito de me apresentar algumas de suas colegas de pensão. Bons tempos aqueles. Na esquina da rua do pensionato, tinha uma barraquinha que vendia flores. Flores, buquês, arranjos, plantinhas. Eu tinha literalmente uma conta lá (“É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista- muito mais, muito mais que na modista!-para aprazer ao grande amor”). Quase todos os dias pegava uma flor (uma rosa, uma tulipa, uma margarida, até orquídea uma vez) e levava no pensionato. Sempre devidamente acompanhado de um cartão com um pequeno texto. Texto meu, é claro. Mesmo porque naquela época não havia internet e essa facilidade em se “pegar emprestado” frases alheias.

Sempre gostei de escrever. Desde muito novo. Provavelmente porque desde muito cedo aprendi a gostar de ler. Meus primeiros livros não foram aqueles do tipo “Vovó vê a uva”. Foram livros da série Vaga-lume. O primeiro livro que li sozinho foi “As aventuras de Xisto”. Lembro que meus pais o liam para mim antes de dormir, e eu quis ler sozinho, por mim mesmo.

Gosto de escrever. E, já disse isso mais de mil vezes, escrever me faz bem. E não tenho vergonha de ser um romântico assumido. Ainda sou do tipo que gosta de ouvir (e não apenas ouvir, mas tentar compreender o que é dito). Ainda abro a porta para a garota entrar (minha amiga sempre me xinga porque diz que fica com vergonha quando faço isso). Ainda mando recadinhos bonitinhos no celular, no email.

Gosto de me apaixonar. Gosto da sensação de borboletas no estômago. Gosto dos primeiros encontros, do primeiro flerte, do primeiro beijo. E, atualmente, sinto falta disso. Sinto falta de muitas coisas, mas com certeza sinto falta de sentir falta. E acho que sentir falta faz toda a diferença.

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