quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Epílogo

http://www.youtube.com/watch?v=WqYDUcv0HAM
("Carta de Amor" - Maria Bethania)




Era pra ser o fim. Teria que ser o fim. Tinha tudo pra ser o fim. Só que, não sei se infelizmente, ainda restaram algumas arestas. Talvez seja assim mesmo, as coisas não acontecem no ritmo que queremos ou que desejamos. Elas apenas acontecem.


Não sinto raiva, não sinto ódio. Sinto uma tristeza e um pouco de chateação. Não cheguei a perder o sono, como a princípio pensei que perderia. Tampouco cheguei a ficar remoendo palavras na mente. De novo, ter amigos ajudou. E muito. Um aprendizado importante que carregarei comigo para sempre.

Palavras ferem, palavras doem. Palavras machucam. Quando proferidas (seja de forma verbalizada ou até escrita) com raiva, parecem carregar uma carga negativa. Infelizmente ainda não aprendi a rejeitar tais cargas, então tomo-as para mim, coloco-as em um cantinho e deixo que lá fiquem até sumirem. Isso não faz muito bem, eu sei, mas acho que ainda não sei lidar com essas coisas.

Desde o último ano para cá, cheguei à conclusão que mudei. Não sou, definitivamente, o mesmo de antes. Aprendi muitas coisas, amadureci, evoluí. Até estou achando um espaço para as coisas intangíveis, as coisas espirituais. Algo impensável para mim antes.

Quando te mandam raiva e ódio, não vale a pena mandar de volta. Me disseram que devemos simplesmente não pegar. Deixar que bata e caia no chão, tal qual uma bola. Ainda não consigo. Não sei se cheguei a tentar, mas de qualquer forma não consigo. Quando me mandam a tal bola de raiva, eu a pego e não a repasso. Mas não a derrubo. Apenas deixo-a ali, encostada.

Palavras ferem, palavras doem. Palavras machucam. Mas apenas por alguns instantes. Forço-me a ler as palavras, forço-me a tentar ver além da raiva. Procuro nelas algum significado. Só que não procuro mais desculpas. Antes procurava desculpas, procurava um modo de desculpar as outras pessoas pelo que elas me faziam. Agora não mais. Apenas tento ler, entender e, muito provavelmente, descartar.

Não sinto ódio, não sinto raiva, não sinto nada. Só a boa e velha tristeza, e uma bela pitada de chateação. Demoro um pouco a digerir as coisas, demoro um pouco para tentar entender. Leio e releio, rumino, penso e por muitas vezes até durmo sobre o assunto. Depois, com a cabeça mais clara e serena (mas com o coração ainda pesado) consigo ver mais claramente.

Prólogo, Epílogo, Interstício. E fim.

“Pois já não vales nada, és página virada, arrancada do meu folhetim”

PS – fim, mas ainda não o final. Porque tenho certeza de que ainda verei mais alguns capítulos, algumas esparsas cenas. Nada tão grave ou dramático, nada que me afete tanto quanto o epílogo. Afinal, já estou mais “preparado”. E que assim seja.

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