("Encontros e Despedidas" - Milton Nascimento)
As coisas acontecem ao seu próprio tempo, obedecendo seu
próprio ritmo.
Hoje me reencontrei com minha gaita. Uma antiga, surrada,
usada, desafinada gaita. Jamais tive aulas de música, jamais aprendi a tocar
instrumento algum (sem contar as aulas de flauta doce que tive quando estudava
no primário). Mas sempre me fascinou a gaita. Comprei algumas. Perdi muitas. E
desafinei em todas. Um som gostoso, um som apenas para os meus ouvidos. Um
quase lamento, um quase sussurro, uma confidência. Olhos fechados, respiração
leve, ouvidos atentos. Curto o som, curto a música que sai. Música que se
(des)afina com a minha melodia interior. Saudades...
Olhos fechados, silêncio inebriante
No escuro do quarto nos reencontramos
Doce melodia, minha mente viajante
Mãos e boca, entre hálitos brincamos
O tom é o errado, a nota a incorreta
Mas a mente, embriagada, pensa que aceita
O coração, apertado, nem sequer suspeita
A vida, essa sacana, sempre acerta.
As coisas acontecem ao seu próprio tempo, obedecendo seu
próprio ritmo.
Minha vida anda assim, simplesmente complicada. Acredito em
coisas que antes não via, vejo coisas que antes não acreditava. E sei que
coisas boas acontecem com quem coisas boas faz. Esses últimos dias têm sido
extremamente bons, incrivelmente deliciosos e inesperadamente agradáveis.
Coisas boas acontecendo, de fato. Pessoas legais surgindo, sem dúvida. Novas e
belas amizades surgindo, com certeza.
O tempo a tudo cura, e para isso temos mesmo é que fazer com
que ele passe. Dia após dia, minuto após minuto. Dar tempo ao tempo. Que a vida
se encarrega do resto.
Ainda tenho um pequeno grande problema pendendo sobre minha
cabeça. Ainda tenho um fardo grande que me oprime. No entanto, mesmo com essa
espada sobre a minha cabeça, sei que a vida ainda sorri para mim. Sim, ela
também ri de mim. Como sempre. Mas agora, além de rir de, ri comigo. E para
mim. Trazendo novos amigos, novas possibilidades, novas aventuras. E promovendo
(re)encontros com velhos hábitos. E suaves e (não mais tão tristes) melodias.
Que a vida siga seu rumo, que os meses passem a seu bel
prazer. E que as coisas simplesmente venham. Sem mais.
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