("Tocando em Frente" - Maria Bethania * Fragmentos do texto "Disco Voador" de Fausto Fawcet )
Hoje cheguei a uma conclusão.
Definitivamente não sou o mesmo. Aquele que iniciou o ano de 2012 não é o mesmo
que vai terminá-lo. Durante muito tempo em minha vida eu simplesmente vi a vida
passar.
“Estava à toa na vida, o meu amor
me chamou, pra ver a banda passar... Mas para meu desencanto o que era doce
acabou, depois da banda passar... e cada qual no seu canto, em cada canto uma
dor...”
Passei muito de minha vida
anestesiado, contando com um pouco de sorte e um pouco de inteligência (e quase
nada de esforço). As coisas passavam, os dias, anos iam se amontoando. Um após
o outro, um seguido do outro. Sucessivamente. E eu, tal qual a água,
simplesmente ia me adaptando. Procurando desculpas, seguindo sem realmente...
seguir.
Seis meses. Um semestre. Meio
ano. Algo aconteceu entre aquele Natal e final de ano, aquele regado a sorvete
e bolo. Aquele solitário. Aquele enclausurado, escuro, escondido. Aquele que se
ocultava atrás de um falso sorriso, usando sempre as suas invisíveis muralhas
para manter tudo e todos fora.
Lidar com sentimentos nunca foi
fácil. Não sei se, por ser de ascendência oriental, tenho esse pequeno grande
problema. Sempre foi difícil lidar com emoções, com sentimentos. Fragilidade,
vergonha, medo. Ou nada disso. Não sei. Mas sempre foi mais fácil apenas não
sentir, apenas deixar passar. Deixar a banda passar.
Sempre fui um cara sensível.
Frágil até. E tímido. Poesias, belos textos, músicas suaves. Romantismo,
palavras doces. Tudo tão profundo quanto... um belo espelho d’água. Quando mais
novo, passava noites tocando minha gaita. Melodias tristes, que expunham
(apenas para mim) a melancolia que sempre me acompanhou. Sempre? Sempre... pelo
menos até agora.
Sofri. Decepcionei-me.
Apaixonei-me. Machuquei-me. E, melhor de tudo, aprendi. E não
me arrependi. Pela primeira vez em muito tempo (quiçá até pela primeira vez em
minha vida) senti o que podia ser o amor. Foi bom, muito bom. Não deu certo?
Balela. Deu certo sim, apenas não durou “para sempre”. Mergulhei de cabeça sem importar-me
com nada. Doei-me sem medo. E sem ressalvas. Doei-me. E... doeu-me.
Arrependimento? Não, nenhum. Agi
como pensei ser o certo, fiz enfim o que mandava o meu coração. Fui, sem medo,
sem receio, sem ressalvas. E fui feliz. Mesmo que apenas por um breve período
de tempo, mesmo que apenas por uma fração da vida. Sim, foi bom enquanto durou.
E sou grato por ter vivido o que vivi. Sei que precisava disso, sei que era
algo que eu necessitava viver. Erros que precisava cometer, besteiras que
precisava fazer.
Hoje sou um novo Eu. Sou uma
pessoa diferente. Talvez por isso não sinta mais raiva, rancor ou ódio. Sinto
apenas um bem estar, uma felicidade que parece que brota de mim. Distribuo
sorrisos, afagos, carinhos. Abro o peito e aceito que outros compartilhem
comigo o que tenho de melhor. E que me ajudem no que tenho de pior. Aprendi que, além de ajudar,
também necessito de ajuda. E agradeço todos os dias pelos amigos que fiz.
Amigos que me dão força, que me dão apoio. Que me dão amor. Amigos que, embora não
sejam todos parentes de sangue, os são de alma. E que vou carregar comigo para
sempre.
Obrigado. Muito obrigado, do
fundo do meu coração. Espero que a vida nos seja leve, que os anos nos tornem
sábios. E que a felicidade nos encontre. Como no filme “Three Wishes”. O que
desejo? Desejo ser feliz com o que tenho. Pois agora sei que o que tenho é sim
muito. O que tenho é tudo.
Descubro-me... feliz!
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