(Tu me acostumbraste - Caetano Veloso)
- E então Fred, quantos convites você vai querer?
Cara de interrogação, cérebro tentando funcionar, torcendo pra baixar o vidente em mim. Pouts, vida de solteiro é complicada mesmo. Então, vejamos: o evento é daqui a um mês. Será que até lá (ainda) vou estar avulso? Ou será que até lá consigo encontrar alguma guria legal e que tope ir comigo? Um mês, quatro semanas, trinta dias. É tempo pra caramba. Na verdade, é e não é. Um espetáculo de humor no teatro, coisa simples. Mas vai ser numa quarta-feira à noite. Talvez um jantarzinho depois. Em plena quarta-feira?
Quando se está casado algumas coisas são bem mais simples. E a gente acaba se acostumando com um ritmo de vida. As decisões são em conjunto, os eventos são sempre a dois. Até os convites são feitos pra apenas um dos dois, como se o dois fosse um. Depois de alguns muitos anos vivendo dessa maneira, quando tudo acaba a gente fica perdido. Os amigos quase todos casados. Alguns com filhos, outros firmes rumo à. Amigas dos amigos, todas casadas ou noivas (ou então morando junto, o que dá na mesma). E as solteiras são amigas (ou conhecidas) de sua ex, então...
Torcendo pra baixar o médium. Como vai estar minha vida daqui a um mês? Se eu ficar com dois convites, quem eu chamo? Não posso pegar dois convites e depois não levar ninguém. E também não posso chamar qualquer pessoa, afinal muitos dos meus colegas de trampo vão estar lá. Um... dois... um... dois... decisão difícil.
- Vou querer dois, respondo.
Melhor me garantir. Ou, como pensam alguns, melhor é ser otimista. Sempre sorrindo, sempre acreditando. E sempre torcendo. Se eu conhecer alguma guria legal, boa companhia, bom papo. Se não conhecer, então levo alguma amiga mesmo. (É, definitivamente melhor levar uma amiga. Se eu levar um amigo acho que não vai ficar legal).
- E aí guria, vamos?
- Ain Fred, parece bem legal. Mas você não prefere gastar esse convite com alguma guria que “valha a pena”?
- rs. Até gostaria, mas não conheço nenhuma que valha a pena. Então, quer ir?
Ah as amizades. Algumas amizades são como são, desprovidas de segundas intenções. E essa é uma bem especial. Antes muito bem acompanhado do que só. Espetáculo, jantarzinho e cama (cada um na sua, lógico).
E agora ainda tem as festas de final de ano. Dezembro, confraternizações, festas. Avulso? Acompanhado?
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