("As coisas" - Erika Machado e Fernanda Takai)
Tento, tento, tento. Deixo o
tempo passar, os segundos esvaírem-se e o Sol completar seu passeio pelo céu.
As folhas nascem, amarelam e caem. Os ninhos logo encontram novos inquilinos.
Deito ao léu, olhando para o teto
azul. Espero, em vão, que o tempo escorra. Espero, em vão, que leve com ele a
vontade que me incomoda. Torço, inutilmente...
Escrever é minha arte, escrever é
minha vida. Trago comigo esse vício desde os primeiros be-a-bás. Falo demais,
escrevo mais ainda. Pois escrever me ajuda, me acalma, me recoloca no eixo. Ao
escrever converso com migo mesmo, com o migo que se esconde lá no fundo.
Textos leves, não tão leves, em
prosa ou poesia, rimados ou não, metrificados ou não. Literalmente um vomitar
de palavras, indigestas letras que me incomodam e anseiam por sair. Com isso
dando vazão a sentimentos, sensações, dúvidas e certezas.
Já sou velho, já me sinto velho.
Já deveria ter aprendido a não lutar contra certas coisas, a não tentar evitar,
não esquivar. São tão naturais e inevitáveis quanto a morte, que um dia nos
colherá e nos cobrará seu óbulo durante a travessia do caudaloso Aqueronte.
O ciclo mais uma vez retorna ao
seu final/início, com meus dedos dançando e se esquivando, pulando e dando
vazão. Vazão a tudo o que foge à minha razão.
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