("Maluco Beleza" - Raul Seixas)
Um dia alguém me disse que vida
virtual era boa e ruim. Que, na verdade, ela não era nada diferente de todo e
qualquer instrumento criado pelo homem. Ser boa ou ruim dependia apenas da
finalidade com que era usada. Então, se pensarmos bem, ela não é nem boa nem
ruim. Ela apenas é.
Dizem que a internet aproxima
quem está longe e afasta quem está perto. Hoje li um texto no Estadão que
falava mais ou menos sobre isso. Falava sobre o tal “espelho negro” que
carregamos em nosso bolso. Aquele tal espelho, que nos mantém sempre conectado
com o mundo distante, sempre em sintonia com o restante do universo. Mas ao
mesmo tempo mantendo nossa atenção longe de quem está bem ao nosso lado.
Eu sou, digamos, um cara bem
compartimentalizado. Tenho amigos “reais” e “virtuais”, todos eles devidamente
“guardados” em seus compartimentos. Pessoas que nunca vi, pessoas que nunca
verei, pessoas as quais jamais vi o reflexo. Pessoas que sequer imaginam de que
cor são meus cabelos castanhos. Pessoas cujo movimento sequer imagino como deva
ser.
Neste final de semana que passou,
resolvi simplesmente me desconectar. E, ao fazer isso, tentei me conectar.
Desconectei-me do mundo virtual, dos amigos reais e virtuais. Fechei Facebook,
whattsApp, desinstalei do celular, apertei a tecla mudo. Mal e mal respondi a
um ou dois SMS. Com isso tentei conectar-me comigo mesmo. Passei a maior parte
do FDS sozinho em casa, apenas em companhia de mim mesmo. Limpei a casa,
esfreguei, lavei, enxagüei. Saí para almoçar só. E só. Tardes vazias, preenchidas
com filmes, livros (enfim!), sonecas.
Praticamente agradeci aos céus
pela chegada da 2ª feira. Havia muito que não saudava esse dia da semana com
tanto gosto e alegria. Um misto de alívio, prazer e... não sei. Talvez apenas
mais um tempo para mim, apenas mais uns dias comigo mesmo. Pois desta vez é
diferente, desta vez há planos que me fazem companhia. Que me acompanham nas
noites quentes, que me embalam nas madrugadas insones.
Planos, sonhos... Perto ainda que
distante, reais-virtuais. Não mais um casulo, não mais muralhas. Apenas
descanso, apenas... hiato.
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