("Over the rainbow" - Judy Garland)
Sempre quis escrever um livro. Sempre
gostei de ler, de escrever, de rascunhar, de jogar ideias e transformá-las em
palavras. Enfileirar letrinhas na branca tela do meu computador. Sempre
escrevi, e muito, mas nunca cheguei ao ponto de desenvolver uma história longa
(e interessante) o suficiente para virar um livro. Já cheguei a escrever três ou
quatro capítulos de um rascunho de uma ideia de um livro, mas parei no começo. Tenho
em minha mente um projeto de como a história seria, algo baseada em um maluco
sonho que tive em uma das muitas noites meio insones de minha vida. Um livro
meio maluco, com poucas personagens e nenhum nome. Todo narrado em primeira
pessoa. Não sei, talvez um dia eu volte a olhar esse projeto com mais carinho.
Vi, ouvi, presenciei e senti de
perto muitas e muitas histórias. Tantas que, bem arrumadas e enfileiradas,
dariam um livro. Um livro “livremente baseado em fatos reais”. Histórias
longas, curtas, intensas, felizes, tristes, inacreditáveis. Histórias sobre
pessoas com as quais apenas esbarrei (e cujo nome nem me lembro mais), sobre
fatos marcantes em minha vida, sobre fatos marcantes em vidas alheias. Talvez
um livro de retalhos. Outro projeto que vai para a gaveta mental de livros a
serem escritos.
De tanto escrever, e de tanta
vontade de escrever, criei um blog. Isso foi nos meados de 2008, muito muito
tempo atrás. Nele despejei fatos, sensações, sentimentos, dúvidas. Fechei-o,
escondi-o, lacrei-o. E abri outro. Que durou pouco tempo, bem pouco tempo. Nesse
também passei o ferrolho. Muitas coisas íntimas, pensamentos por deveras
pessoais. Meu eu demasiado exposto. Por fim, criei o “Retalhos de Fred”. Um
blog aberto, escondido bem à vista de todos. Nele escrevo sobre o que quero, de
maneira escancarada ou dissimulada. Nele guardo pedaços, retalhos de minha existência.
Manter um blog é bom, escreve é
bom. A princípio pensei que me sentiria desconfortável, ficava preocupado com o
que os outros iriam ler, o que iriam entender, o que iriam pensar. De uma
maneira engraçada, queria que todos lessem, que todos comentassem, que me
dissessem o que tinham sentido, que me dessem suas opiniões. E ao mesmo tempo não
queria que lessem, por puro receio do que poderiam, de fato, interpretar. Afinal,
bem diz o ditado, cada cabeça uma sentença. E se existe algo que aprendi com o
passar dos textos, é que cada um lê e interpreta o que quer.
Escrever é, para mim, uma
terapia. E das boas. Ao escrever dialogo comigo mesmo, deixo meu eu me dizer o
que penso e o que sinto. Meus textos sempre saem fluidos, sempre seguem o
caminho que lhes apraz. O escuro do quarto, o tec tec das teclas sob meus
dedos, a música suave tocando em baixíssimo volume. Tudo isso compõe o meu
ambiente de criação, a atmosfera onde meus dedos passam para o computador o que
o meu eu sente. E eu nunca, nunca mesmo, reviso meus textos. Apenas corrijo
pequenos erros que porventura encontre. Gosto deles “crus”. Publico-os sem
censura. E sem rasura.
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