quinta-feira, 13 de junho de 2013

Preludium

http://www.youtube.com/watch?v=1HRa4X07jdE
("Over the rainbow" - Judy Garland)



Sempre quis escrever um livro. Sempre gostei de ler, de escrever, de rascunhar, de jogar ideias e transformá-las em palavras. Enfileirar letrinhas na branca tela do meu computador. Sempre escrevi, e muito, mas nunca cheguei ao ponto de desenvolver uma história longa (e interessante) o suficiente para virar um livro. Já cheguei a escrever três ou quatro capítulos de um rascunho de uma ideia de um livro, mas parei no começo. Tenho em minha mente um projeto de como a história seria, algo baseada em um maluco sonho que tive em uma das muitas noites meio insones de minha vida. Um livro meio maluco, com poucas personagens e nenhum nome. Todo narrado em primeira pessoa. Não sei, talvez um dia eu volte a olhar esse projeto com mais carinho.


Vi, ouvi, presenciei e senti de perto muitas e muitas histórias. Tantas que, bem arrumadas e enfileiradas, dariam um livro. Um livro “livremente baseado em fatos reais”. Histórias longas, curtas, intensas, felizes, tristes, inacreditáveis. Histórias sobre pessoas com as quais apenas esbarrei (e cujo nome nem me lembro mais), sobre fatos marcantes em minha vida, sobre fatos marcantes em vidas alheias. Talvez um livro de retalhos. Outro projeto que vai para a gaveta mental de livros a serem escritos.

De tanto escrever, e de tanta vontade de escrever, criei um blog. Isso foi nos meados de 2008, muito muito tempo atrás. Nele despejei fatos, sensações, sentimentos, dúvidas. Fechei-o, escondi-o, lacrei-o. E abri outro. Que durou pouco tempo, bem pouco tempo. Nesse também passei o ferrolho. Muitas coisas íntimas, pensamentos por deveras pessoais. Meu eu demasiado exposto. Por fim, criei o “Retalhos de Fred”. Um blog aberto, escondido bem à vista de todos. Nele escrevo sobre o que quero, de maneira escancarada ou dissimulada. Nele guardo pedaços, retalhos de minha existência.

Manter um blog é bom, escreve é bom. A princípio pensei que me sentiria desconfortável, ficava preocupado com o que os outros iriam ler, o que iriam entender, o que iriam pensar. De uma maneira engraçada, queria que todos lessem, que todos comentassem, que me dissessem o que tinham sentido, que me dessem suas opiniões. E ao mesmo tempo não queria que lessem, por puro receio do que poderiam, de fato, interpretar. Afinal, bem diz o ditado, cada cabeça uma sentença. E se existe algo que aprendi com o passar dos textos, é que cada um lê e interpreta o que quer.

Escrever é, para mim, uma terapia. E das boas. Ao escrever dialogo comigo mesmo, deixo meu eu me dizer o que penso e o que sinto. Meus textos sempre saem fluidos, sempre seguem o caminho que lhes apraz. O escuro do quarto, o tec tec das teclas sob meus dedos, a música suave tocando em baixíssimo volume. Tudo isso compõe o meu ambiente de criação, a atmosfera onde meus dedos passam para o computador o que o meu eu sente. E eu nunca, nunca mesmo, reviso meus textos. Apenas corrijo pequenos erros que porventura encontre. Gosto deles “crus”. Publico-os sem censura. E sem rasura.


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