quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Olhar, ver e não enxergar

http://www.youtube.com/watch?v=YWtAtcN0F7w
("Corra e olhe o céu" - Cartola)




Não podemos esperar dos outros mais do que eles podem nos dar. FIM!



Gostaria que as pessoas parassem de olhar ATRAVÉS de mim, e passassem a olhar PARA mim. Sei que é difícil prestar atenção no outro, que é complicado enxergar o amigo, que é quase impossível desviar a atenção do nosso próprio umbigo pra tentar visualizar o que está ao nosso lado. É difícil pois exige sacrifício, exige que se tente olhar além, exige que se enxergue. Exige que se preste atenção.

As pessoas me vêem. Conversam comigo. Interagem comigo. Querem saber detalhes sobre minha vida, sobre minha morte. Já cansei de compartilhar. De que adianta escrever, falar, mostrar, escancarar se as pessoas não enxergam? Sei que muitos não o fazem por maldade, simplesmente o fazem porque estão deveras acostumados. Ou, no caso, desacostumados.

Ser amigo, prestar atenção, dar uma palavra de conforto exige muito sacrifício. É cansativo, é extenuante. E, invariavelmente, é um caminho de via única. Ouvir, tentar entender, saber escutar. Não se trata de dar bons conselhos, mesmo porque se conselho fosse bom não seria dado, seria vendido. Apenas emprestar os ouvidos, os ombros. REPARAR no outro! Na maioria das vezes é tudo o que precisam.

Voltando ao início... não podemos esperar dos outros mais do eles podem nos dar. E mais do que eles conseguem nos dar. Mesmo com quase 400 amigos no face, apenas 1 reparou que havia algo errado. Reparou e comentou. E conversou. E ganhou um sorriso.

Outro dia comentei sobre um livro da Agatha Christie com uma amiga. O Misterioso Mr Quinn. Nesse livro o personagem que faz as vezes de detetive é um senhor de meia idade que nunca teve um relacionamento completo. Mas sempre ficou ao largo, vendo e observando os outros. Isso lhe deu um poder de observação e compreensão ímpares, pois ele conseguia VER as coisas, COMPREENDER o que estava se passando. Como alguém que olha de fora, e assim tem uma visão do todo.

Saber olhar, saber ouvir, saber enxergar. Dosar palavras de carinho com broncas e brincadeiras. Isso apenas a experiência (e algumas vezes nem ela) nos traz. Só que não é disso que sinto falta. Não é isso que quero. Quero apenas que enxerguem, que aprendam a ouvir, e a calar quando necessário. Talvez querer demais, talvez esperar de menos. Talvez simplesmente ir dormir.

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